Texto: Yasmín Monsalve Reaño
Fotos: Cortesia Gabriela Peña
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975 que honra a luta das mulheres na constante procura pela igualdade de gênero e melhoras na qualidade de vida, convidamos a Gabriela Claret Peña a nos oferecer seu depoimento para estrear o blog do site de Casa Venezuela.
Conhecemos Gabriela e sua mãe Graciela em abril de 2018, quando chegaram a São Paulo na primeira interiorização de venezuelanos. Quase três anos se passaram e hoje Gabriela é exemplo da força da mulher venezuelana. Cada dia ela escreve sua história de vida, tendo como norte sua família e seu desenvolvimento profissional.
‘’Nasci em 15 de abril de 1987 na cidade de Anaco, estado Anzoátegui, região oriental de Venezuela. Tive uma infância feliz, era uma menina muito sapeca. Morava com minha mãe e meu irmão. Meus pais eram separados. Em 1997, quando estava com 10 anos sofri um acidente de trânsito que mudou minha vida. Não conseguia me movimentar, tive que começar a usar cadeira de rodas. Isso me abalou e também abalou minha família, trazendo momentos de muita tristeza, desolação e depressão.
Por muito tempo tive a esperança de voltar a caminhar. Por gestões da minha mãe, que é meu anjo da guarda e meu grande apoio, viajei a Cuba, onde recebi tratamento médico e terapias que, embora não conseguiram me fazer andar de novo porque os danos na medula foram irreversíveis, me fizeram mais independente e ajudaram a superar o trauma de me ver numa cadeira de rodas. Lá conheci pessoas que estavam na minha condição e mesmo assim continuaram suas vidas com independência e da maneira mais normal possível.
A Gabriela conta que deixou atrás a tristeza e a negatividade. Sua postura na vida mudou e se propôs enfrentar as adversidades. “Me converti numa pessoa corajosa, sabia que tinha que deixar atrás a dó e o medo para poder avançar. Estudei Administração com muito sacrifício porque minha família não tinha recursos econômicos”.
Ela reflete sobre a vida e diz que nada tem sido cor de rosa. Lembra que para se movimentar aprendeu a dirigir, em apenas uma aula, um automóvel adaptado. “Sofri muitos constrangimentos porque os taxistas se recusavam a me trasladar por conta da cadeira de rodas”.
Confessa com orgulho que “a resiliência tem marcado meu estilo de vida. Com o amor e apoio irrestrito de minha mãe saí adiante. Consegui constituir uma família e me casar com uma pessoa que me valoriza como uma mulher esforçada e valente”.
Mas a vida colocaria em prova novamente a força da Gabriela. Após ter um emprego na sua área de formação, moradia e automóvel próprio, a grave crise na Venezuela a obrigou a emigrar. Sua saúde e a procura de uma qualidade de vida melhor falaram mais alto e assim, junto com sua mãe e marido, viajaram ao Brasil.
“Este país nos abriu as portas e sou muito grata pelas oportunidades que tenho tido para seguir em frente. Aqui trabalho dignamente e colaboro com o bem-estar econômico familiar. Aqui tive minha filha Frida, meu orgulho e maior logro como ser humano”.
Aos seus trinta anos e com seus olhos esverdeados cheios de brilho Gabriela diz: “Nessa altura da minha vida o limite é o céu”. Veja abaixo uma foto da Gabriela, junto com o seu marido Frank e filha Frida de dois anos de idade.
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