Brasil: Terra de Oportunidades para Migrantes Venezuelano
- Casa Venezuela
- 28 de out.
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Introdução
Dados oficiais da ONU revelam que mais de 9 milhões de venezuelanos migraram para fora do país — quase 30% da população venezuelana antes da diáspora. Para muitos, essa migração não foi uma escolha, mas uma necessidade. Brasileiros que vivem no exterior sabem o quão difícil é migrar por decisão própria: despedir-se da família, dos amigos e dos colegas de toda uma vida. Agora, imagine o sentimento de ser forçado a se despedir do país que você considera seu lar, porque as condições para uma vida digna e segura simplesmente deixaram de existir. Com o coração apertado e uma enorme incerteza, milhões de venezuelanos deixaram tudo para trás para lutar por um futuro em um território estrangeiro e desconhecido.
Historicamente, estes venezuelanos têm migrado a alguns destinos principais: Colômbia, Peru, Chile e Argentina. Esses países se destacam naturalmente por sua proximidade geográfica e afinidade cultural. No entanto, desde 2018, o Brasil tem se tornado um destino cada vez mais relevante para a população migrante venezuelana.
Entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2024, mais de 1 milhão de venezuelanos entraram no Brasil, sendo que cerca de 610 mil obtiveram CPF e mais de 470 mil receberam autorização de residência. Hoje, Brasil ocupa o terceiro lugar entre os países latino-americanos que mais acolhem migrantes venezuelanos, atrás apenas de Colômbia e Peru.
Esse crescimento migratório possui justificativas concretas. Ao analisar fatores como características geográficas e demográficas, políticas migratórias, acesso à educação, oportunidades no mercado de trabalho e aspectos culturais, torna-se evidente que o Brasil é, possivelmente, o país mais favorável para a migração de venezuelanos:
1. Geografia
O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 200 milhões de habitantes e uma diversidade étnica e cultural rica que favorece a inclusão. O milhão de venezuelanos que migraram, não representam um percentual mínimo da população total, enquanto países vizinhos como colombia e peru já se sente uma presença enorme, causando certa incômodos na popuhlacao local.
O Brasil é um país de dimensões continentais, com uma população superior a 210 milhões de habitantes. Sua rica diversidade étnica e cultural, resultado de séculos de miscigenação e imigração, cria um ambiente historicamente mais receptivo à inclusão de grupos migrantes. Embora esse número de migrantes venezuelanos que vieram para o brasil represente um esforço humanitário significativo, ele corresponde a menos de 0,25% da população brasileira — uma proporção relativamente pequena quando comparada a países vizinhos.
Para comparação, Colômbia abriga mais de 2,5 milhões de venezuelanos, o que equivale a cerca de 5% da sua população total, enquanto Peru recebeu aproximadamente 1 milhão de venezuelanos, representando cerca de 3% da população. Nesses países, a presença venezuelana é mais perceptível no cotidiano, o que tem gerado tensões sociais e desafios de integração. Já no Brasil, a dispersão geográfica dos migrantes e a capacidade de absorção do mercado de trabalho têm contribuído para uma integração mais silenciosa e menos conflituosa. Essa diferença de impacto demográfico reforça a ideia de que o Brasil, por suas características estruturais e culturais, possui maior potencial para promover uma inclusão sustentável e digna dos migrantes venezuelanos.
2. Políticas Migratórias
O Brasil tem se destacado na América do Sul por adotar políticas migratórias mais inclusivas e estruturadas para acolher migrantes e refugiados venezuelanos. A Lei de Migração (13.445/2017) representa um marco nesse processo, ao garantir direitos iguais a estrangeiros e brasileiros, promovendo o acesso à saúde, educação e trabalho. Graças à Portaria Interministerial nº 9/2018, os venezuelanos podem solicitar residência por razões humanitárias, mesmo com documentos vencidos ou incompletos, reconhecendo as dificuldades enfrentadas para obtenção de papéis na Venezuela. Após a regularização, o migrante recebe a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM), que garante acesso pleno ao mercado de trabalho e aos serviços públicos. O Brasil também oferece assistência jurídica gratuita por meio da Defensoria Pública e de organizações parceiras, o que facilita ainda mais o processo de legalização e inclusão. Por fim, iniciativas como a revalidação gratuita de diplomas e programas de capacitação profissional e ensino de português reforçam a capacidade brasileira de integrar migrantes ao mercado de trabalho e à vida comunitária.
Como mencionei no meu artigo anterior, a regularização do migrante é um passo fundamental para garantir que ele não se torne um peso social ou econômico no país de acolhida. Ao facilitar esse processo, o Brasil permite que muitos migrantes iniciem esse novo capítulo de forma digna e correta, com acesso a documentos essenciais como o CPF e a Carteira de Trabalho Digital, que podem ser obtidos gratuitamente e com relativa rapidez. Essa abordagem não apenas promove a autonomia dos migrantes, mas também fortalece a coesão social e o desenvolvimento econômico local.
3. Mercado de Trabalho
No Brasil, há uma elevada demanda por mão de obra operacional e técnica, especialmente em setores como agronegócio, manufatura, logística, construção civil e saneamento. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2025–2027, será necessário qualificar cerca de 14 milhões de trabalhadores até 2027, sendo 2,2 milhões em formação inicial e 11,8 milhões em requalificação profissional. A escassez é mais acentuada fora dos grandes centros urbanos, onde empresas enfrentam dificuldades para preencher vagas básicas e técnicas. Isso cria oportunidades para migrantes que estejam dispostos a se deslocar, tenham experiência prática ou estejam abertos à capacitação rápida, além de poderem contribuir com habilidades adquiridas em seus países de origem, como agricultura familiar ou trabalho fabril.
A baixa exigência de qualificação formal é outro fator que favorece a inclusão de migrantes. Muitos cargos nesses setores priorizam o treinamento prático e o aprendizado no trabalho, o que facilita a inserção de pessoas que ainda estão regularizando documentos ou revalidando diplomas. ONGs Toti Diversidade, Adus e AVSI Brasil oferecem cursos gratuitos em áreas como tecnologia, vendas, atendimento ao cliente e língua portuguesa, com foco na empregabilidade de migrantes e refugiados. Além disso, iniciativas como o Programa de Apoio da Unicesumar oferecem bolsas de estudo e orientação jurídica para refugiados.
Esses setores também apresentam potencial de crescimento e formalização. Em 2025, o Brasil criou 1,5 milhão de empregos formais até agosto, com destaque para os setores de serviços, construção e indústria. A formalização tem avançado de forma consistente, com aumento de trabalhadores com carteira assinada e queda na taxa de informalidade. Investimentos em infraestrutura e tecnologia, especialmente em logística e transporte, estão gerando novas funções e aumentando a demanda por profissionais qualificados. A integração com cadeias produtivas locais também favorece a inclusão de migrantes em cooperativas, associações e pequenas empresas, fortalecendo sua participação econômica e social.
Educação Acessível
O Brasil possui leis e diretrizes que garantem o acesso à educação básica para todos, independentemente da nacionalidade ou situação migratória. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Estatuto do Estrangeiro asseguram que crianças e adolescentes migrantes têm direito à matrícula em escolas públicas sem necessidade de documentação completa. Isso permite que migrantes entrem rapidamente no sistema educacional, promovendo inclusão social e cultural desde cedo.
Diversas redes de ensino oferecem aulas de português como língua de acolhimento, além de atividades que valorizam a cultura de origem dos migrantes. Municípios com alto fluxo migratório, como São Paulo e Boa Vista, têm iniciativas específicas para facilitar a adaptação dos alunos estrangeiros. Esses programas ajudam os migrantes a superar barreiras linguísticas e culturais, favorecendo o aprendizado e o convívio com a comunidade local.
Apoio de Organizações da Sociedade Civil Venezuelana
Migrantes venezuelanos contam com o apoio de organizações fundadas por líderes da própria sociedade civil venezuelana no Brasil. Entre elas, destaca-se a Casa Venezuela Brasil, uma entidade sem fins lucrativos dedicada ao acolhimento e à integração de migrantes e refugiados venezuelanos.
A Casa Venezuela acredita que o acolhimento deve ir além da assistência emergencial, oferecendo caminhos concretos para a reconstrução da vida com autonomia, dignidade e respeito.
Entre os serviços oferecidos estão:
· Orientação jurídica
· Encaminhamento para oportunidades de emprego
· Cursos de capacitação profissional
· Apoio psicológico
· Atividades culturais
· Articulação com redes de empregadores e instituições parceiras
Além disso, a organização atua como ponte entre migrantes e empresas, promovendo a inclusão produtiva e o cumprimento das normas trabalhistas, contribuindo para uma integração justa e sustentável. Para mais informações, podem acessar o site oficial da ONG: https://www.casavenezuelabr.com.br/
Conclusão:
O modelo brasileiro de acolhimento e integração pode servir de inspiração para outras nações. A migração, quando bem gerida, é benéfica para todos: fortalece a economia, enriquece a cultura e reafirma valores de solidariedade. Com políticas públicas eficazes, apoio da sociedade civil e uma cultura receptiva, o Brasil mostra que é possível transformar o desafio migratório em uma oportunidade coletiva — para os migrantes e para o país.







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